1 As cadernetas de pesquisa em Mogi das Cruzes, SP e outras fontes
As pesquisas de campo sobre a Festa do Divino, danças religiosos (São Gonçalo, Santa Cruz), benzimentos e narrativas orais contam com várias cadernetas com anotações, desenhos e gráficos, fundamentais para me lembrar de pessoas, de lugares e da variação coreográfica que a câmera fotográfica nem sempre conseguia registrar com precisão, pois muitas vezes as salas ou outros espaços estavam lotados de participantes e era impossível fazer uma descrição detalhada, simultânea à observação.
Selecionei alguns exemplos para expor e discutir os procedimentos metodológicos que os norteiam.
1.1 Festa do Divino: cadernos, transcrições e outras anotações para lembrar
A Festa do Divino de Mogi das Cruzes inaugura os registros etnográficos deste Acervo. Desde as três primeiras fitas gravadas durante a festa, em 1972, fui reunindo informações contendo versos cantados por grupos de moçambique e congada, conversas com mestres, outros artistas populares, festeiros e ex-festeiros. A cada ida a campo ficava nítida a necessidade do convívio constante com integrantes dos grupos para termos uma compreensão diferente das práticas culturais tradicionais vivas. Quando líamos notícias de jornal sobre esta festa ou outras formas de expressão, sempre encontrávamos ênfase no fato de ser representativa de costumes antigos que ainda eram mantidos por poucas pessoas, minguando cada vez mais o número de dançadores.
Para a amostragem da metodologia utilizada naquela época, recorro a fitas gravadas de 1972 a 1977. Revi fotos, anotações e relatos de pesquisa, começando pela documentação mais antiga. O relato de campo feito logo após o meu “encontro” com a Festa do Divino, contém transcrição de versos, informações dadas em rápidas conversas e reunião de endereços das pessoas com quem conversei. Testava técnicas que me auxiliassem a aguçar meus sentidos para ouvir o que os artistas populares contavam e cantavam, para melhorar o modo de anotar, de refletir sobre o que presenciava, sobre a bibliografia consultada, visando a construção de caminhos teóricos e analíticos. Participantes do Batalhão de Moçambique de Mestre Conrado nos levaram a outras festas, a que o grupo era convidado, e a conhecer outras formas de expressão de que participavam ao longo do ano, como a Dança de São Gonçalo, a Dança de Santa Cruz, realizadas em pagamento de promessas.
O Catálogo geral de registros sonoros inicia com um conjunto das fitas, do no. 001 a 049, gravadas em Mogi das Cruzes, bairros rurais, distritos e cidades vizinhas, de 1972 a 1975.
Em 1976, A Festa do Divino de Mogi das Cruzes foi registrada desde os preparativos, dias antes da festa. Além dos registros sonoros, foram feitas muitas fotos, buscando retratar os diferentes contextos e as pessoas responsáveis pela festa, entre elas as doceiras e cozinheiras, cujo trabalho começa um mês antes da novena. De 1977 e 1978 são poucos os registros, dos quais selecionei alguns exemplos.
1.1.1 Primeiro relato de pesquisa
O relato de pesquisa “FESTA DO DIVINO – MOGI DAS CRUZES 20/05/1972 e 21/05/1972”, guardado na pasta Mogi das Cruzes – Pesquisas – Festa do Divino, datilografado em páginas destinadas a rascunho, reúne informações de anotações feitas em campo e outros manuscritos. Não se trata de um relato de pesquisa para ser publicado ou mostrado a alguém. Foi guardado nesta pasta e conservado junto com outros documentos (fotos, cartazes anuais das festas…), anotações e primeiras sistematizações sobre o que se viu e ouviu em campo para serem retomadas depois.
Começa com a transcrição de versos contidos na fita gravada dia 20/05/1972. Foram feitos registros durante vários momentos do dia que se caracteriza pela Entrada dos Palmitos, cortejo que ocorre na manhã do sábado, antes do domingo de Pentecoste, e distingue a festa do divino de Mogi das Cruzes de outras existentes no estado de São Paulo, no Centro Oeste e Sul (Minas, Rio de Janeiro, Santa Catarina…).
Os grupos de moçambique e congada despertaram meu interesse e passei a ouvi-los com atenção a partir de então. A cada ano apareciam outros grupos de moçambique e de congada e eram muito diferentes nos cantos, danças, uso de instrumentos, ritmos e melodias. As transcrições me mostravam a diferença de repertório dos grupos, as gravações, as vozes, os acompanhamentos instrumentais. As coreografias eram observadas e feitas anotações e gráficos tentando mostrar a variedade de passos e como alguns versos cantados estavam relacionados com os modos de dançar. Os sons dos moçambiques, produzidos por guizos presos em uma cinta atada no tornozelo de alguns dançadores e pelo manejo dos bastões durante a dança, complementavam o ritmo e a melodia que saiam do canto e dos instrumentos. As congadas com andamentos mais lentos ou mais alvoroçados em seus diferentes ritmos e melodias destacavam os cantos, as vozes, os corpos em movimento, os bumbos. Tudo isso também me levava a transcrever, a anotar, a observar, a refletir.
Não cheguei a fazer qualquer trabalho acadêmico sobre a Festa do Divino de Mogi das Cruzes ou de suas Formas de Expressão, mas estas sensações e registros se conservaram e foram importantes no meu período de formação como pesquisadora de culturas orais, compartilhado desde 1974 com Marcos Ayala.
Cedo percebi que a escrita faz uma representação muito limitada das culturas orais. Os versos cantados, as conversas quando passadas em letra de forma perdem a vivacidade da fala com as inflexões para ajuste de fonemas e frases ao ritmo e melodia. As partituras também são simulacros do oral.
Atividades de organização das fontes, como transcrição poética e minutagem dos registros sonoros e audiovisuais em arquivos digitais, são necessárias para poder localizar rapidamente os originais para mostrá-los. O meio de divulgação de estudos acadêmicos para exposição e análise das diferentes formas de conhecimento continua a ser o texto escrito, sabemos.
Consultando hoje as velhas anotações junto com os registros digitalizados de som e imagem, é possível pensar em criar novas formas de representação e acesso aos documentos, consciente de que estes são fragmentos de registros de culturas orais, existentes em eventos que nunca se repetirão, mesmo que a Festa do Divino continue a se fazer anualmente.
1.1.2 Sons da rua
Nas gravações, os versos dos diferentes grupos de moçambique e de congada encontram-se entremeados com trechos de conversas, de sons simultâneos que se ouve na rua, criando ruídos ou efeitos polifônicos que são produzidos pela fusão aleatória de dois ou mais grupos cantando e tocando próximos uns dos outros.
Visando criar certa organização da diversidade presenciada ao longo de seis ou sete anos, os versos e falas selecionados aparecem agrupados, conforme a forma de expressão (moçambique, congadas) com o objetivo de demonstrar aos leitores/ouvintes essa diversidade em cada conjunto. Para ser uma mostra representativa, escolhi trechos da documentação que deixassem fluir a mistura de sons e palavras em uma festa de rua, incluindo letras das canções e sonoridades, que me marcaram e constam como minhas primeiras referências. Somam-se as percepções de Magno Augusto Job de Andrade, a pessoa que, depois de mim, mais conhece as fontes sonoras do Acervo Ayala, e é o responsável pela transcrição de meios analógicos a digitais e pelo desenho melódico mais adequado para os efeitos que se quer provocar nos ouvintes.
- versos de moçambique e de banda (f.001, l. A ) [0:01 a 3:53] [cad_div-01]
Antes de iniciar a exposição dos exemplos transcritos e dos registros sonoros, cabe fazer algumas observações sobre os versos cantados por grupos de moçambique.
Aprendi com José Lopes de Campos, contra-mestre do Mestre Conrado do “Batalhão de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e São Benedito” que, nesta dança, se chamam ramos os versos cantados durante a dança.
Como saber quais ramos foram trazidos pela tradição a que pertence cada mestre ou contra-mestre e que integram o texto mental que cada indivíduo traz em si?
Um dos modos de observar foi o esforço para identificar quem, o que canta, quando canta e se há alguma coreografia relacionada com o canto e os gestos. Com o tempo, essas questões foram se delineando em anotações, registros da performance, conversas e entrevistas com participantes.
Os apontamentos de campo de 1972, transpostos da caderneta para o primeiro relato de pesquisa, já evidenciam, embrionariamente, o que iria se observar nos anos seguintes, a este respeito. Passemos aos repertórios selecionados:
A bandeira branca saiu na rua [cad_div-01]
A bandeira branca saiu na rua
A bandeira de nossa senhora
oi chama S. Benedito
pra tirá a bandeira fora
Eh São Benedito
Viva a Virge Maria!
(Batalhão de Moçambique do Itapeti – mestre Benedito Valentim de Godoi Pinheiro, o Seu Dito Pinheiro)
Toque da Banda de Música (acompanhada de latidos de cachorro ao final)
- Outros ramos de Moçambique
1) Nóis vamo a precura – 1972 (f.001, l. A ) [5:07 – 7:25] [cad_div-02]
Nóis vamo a precura
Precurando inté achá
ai você baila você dança
que é pra nóis adorá
Eh S. Benedito!
Sarve a Virgem Maria!
Nossa Senhora do Rosário.
Ehhh…
2) Licença dono da festa – 1972 (f.001, l. A ) [7:35-8:15] [cad_div-03]
Licença dono da festa
prá chegá nossa bandeira
Eu peço a menor licença
pra ganhá a licença inteira
Eh estrela!
Eh a Virgem Maria!
Nossa Senhora do Rosário!
3) Divino Espírito Santo – 1972 (f.001, l. A ) [8:35-10:57] [cad_div-04]
Divino Espírito Santo
Abre as asas pra voar
hoje chegou seu dia
que nóis vamo festejá
Eh sarve S. Benedito!
eh sarve a Virgem Maria!
4) Andorinha voou foi se embora – 1972 (f.001, l. A ) [11:00-12:07] [cad_div-05]
Andorinha voou foi se embora
Passarinho santo de Nossa Senhora.
Eh S. Benedito!
Eh Nossa Senhora!
Oi estrela!
Eh a Virgem Maria!
Nossa Senhora do Rosário!
5) Andorinha voou foi em Belém – 1972 (f.001, l. A ) [12:08-14:12] [cad_div-06]
Andorinha voou foi em Belém
Nossa Senhora que mandou vê
Eh os anjooo
Sarve a Virge Maria
Nossa Senhora do Rosário!
Nota: até aqui, versos do Batalhão de Moçambique do Itapeti
6) Sarve sarve sarve o santo – 1972 (f.001, l. A ) [14:18-17:36] [cad_div-07]
Ô sarve sarve sarve o santo
sarve o divino Espírito Santo
Eh S. Benedito!
Eh Virgem Maria!
Eh ah eh S. Benedito!
Batalhão Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, do Mestre Conrado
Nota: Atenção aos sons (bumbo, parnanguame, guizos e bastões)
7) Eu subi co’a coroa – 1972 (f.001, l. A ) [17:50-19:00] [cad_div-08]
Eu subi co’a coroa
No repique do sino
Eu subi co’a coroa
Eu desci co’o Divino
Ehh…
Nota: Este ramo aparece novamente diante
8) Oh divino pai oh divino mestre – 1972 (f.001, l. A ) [23:00-26:09] [cad_div-09]
Oh divino pai oh divino mestre
no nosso batismo o Divino aparece
Ehh São Benedito!
Eh Virge Maria!
Eh S. Benedito!
Ah eh!!!
9) Passarinho santo que Deus deixou – 1972 (f.001, l. A ) [26:10-28:10] [cad_div-10]
Passarinho santo que Deus deixou
ai o divino Espírito Santo
Ehhh…
10) São Benedito é o nosso santo padroeiro – 1972 (f.001, l. A ) [28:11-30-27] [cad_div-11]
O São Benedito é o nosso santo padroeiro
É da religião católica
e do folcloro brasileiro
Ehh…
11) Oi Moçambique – 1972 (f.001, l. A ) [30:28-32:32] [cad_div-12]
Oi Moçambique
é desde o tempo de criança
tenho fé em S. Benedito
tenho fé, tenho esperança
Ehh…
12) A riqueza nunca usa soberbia – 1972 (f.001, l. A ) [32:33-35:20] [cad_div-13]
A riqueza nunca usa soberbia
A riqueza vem do céu, do rosário de Maria
A riqueza já não usa soberbia
A riqueza vem do céu, do rosário de Maria
Ehh…
- sobre promessa e carros de bois
No relato de pesquisa fiz anotações com base em conversa com uma devota que estava com sua bandeira, Dona Ana Ferreira de Toledo, e na observação:
– SOBRE A BANDEIRA DO DIVINO. Informante: Da Ana Ferreira de Toledo.
A pessoa faz a promessa e sai [com a bandeira]. Saiu no ano passado pela primeira vez para pagar uma promessa: sua filha estava doente. A filha saiu a primeira vez e ela, a mãe, continua saindo. Segundo a informante a festa começou no dia 20 de abril. Segundo ela tem 12 carros de boi na Entrada dos Palmitos. Os carros saem da Praça das Bandeiras, mas este ano por estar em obras o local, a saída é no Tiro de Guerra. Os bois têm os chifres enfeitados com flores de papel crepom: vermelhas, rosas, azuis, amarelas. A canga também é enfeitada de flores. Crianças saem nos carros de bois enfeitados com cipreste e flores de papel crepom.
ENTRADA DOS PALMITOS:
1º – Cavaleiros do Divino
2º – Carros de bois carregados de palmitos (palmeiras) e crianças. Os carros são enfeitados com arcos de cipreste e flores de papel. Bois: flores nos chifres e na cangalha.
3º – Moçambiqueiros. Dois batalhões: Batalhão N. S. do Rosário e São Benedito (Mestre Conrado Alves de Souza) e Batalhão do Itapeti (Mestre Benedito Valentim Pinheiro).
4º – Bandeiras do Divino
– Quantos carros de boi tem? – 1972 (f.001 l.B) [01:20 – 02:33] [cad_div-14]
- sons de instrumentos e guizos de moçambique [19:00 – 19:47] [cad_div-15]
[Na coletânea podem aparecer estes e outros trechos semelhantes encontrados nos vários anos]
- novos ramos:
1) Nossa bandeira é com fita azul – 1972 (f.001 l.B) [22:00-23:50 + 23:50-] [cad_div-16]
Nossa bandeira é com fita azul
Nossa Senhora de Tambaú
Nossa bandeira é de fita azul
Nossa Senhora de Tambaú
Ehh…
2) Ai moçambique – 1972 (f.001 l.B) [23:50-27:00] [cad_div-17]
Ai moçambique
foi dois anjo que inventou
dança preto dança branco
dança Deus nosso senhor
3) Eu subi lá no céu – 1972 (f.001 l.B) [27:00- 28:06] [cad_div-18]
Eu subi lá no céu
No repique do sino
Eu subi co’a coroa
Desci co’ o Divino
4) Cuitelinho verde – 1972 (f.001 l.B) [35:00-35:36] [cad_div-19]
Cuitelinho verde
beija a flor de laranjeira
Ele vem devagarzim
Pra beijar nossa bandeira
Nota: Versos ditos pelo contra-mestre Zé Lopes em conversa, onde manifesto minha ignorância total: não entendo o que ele fala nem o que é cuitelinho (=beija-flor)
5) O sór nascê – 1974 (f. 007 – l. A) [29:15- ……..] [cad_div-20]
O sór nascê eu vi nascê
pula castigo que eu quero vê
6) Ô vamos passar brilhante [cad_div-21]
Ô vamos passar brilhante
nós vamos passar brilhante meus irmão
Nota: brilhante é o nome atribuído aos bastões. Há nos versos que ganham uma coreografia própria: os dançadores dançam sobre os “brilhantes” enfileirados no chão sem tocar neles. os mestres ficavam furiosos quando os dançadores embriagados, ao pularem os bastões, espalhavam tudo…
7) Estrelinha que vem – 1974 (f. 007 – l. B) [0:19 -040] [cad_div-22]
Estrelinha que vem
Estrelinha que vai
Com São Benedito
Nós vamos em paz
Nota: Muitas vezes este ramo é cantado antes de intervalos para descanso, de conclusão de apresentações durante a festa.
7) Ô Mariaa – 1974 (f. 007 – l. A) [30:25- 31:05 ] fragmento [cad_div-23]
Em nome do pai e do filho
Ô Mariaa
E do Espírito Santo Amém
Ô Mariaa
O pai nosso que estais no céu
Ô Mariá
Santificado seja o vosso nome
Ô Mariaa
Venha nós o vosso reino
Ô Mariaa
Seja feita a vossa vontade
Ô Mariá
Assim na terra como no céu
O pão nosso de cada dia
Ô Mariaa
nos dai hoje e perdoai
Ô Mariaa
nossas dívidas de todo […]
Nota: Há outro registro, Ô Mariaa – 1977 (F.099 – l. A) [8:00 – 12:14], em que se gravou toda a reza cantada, mas a qualidade do registro foi prejudicada por interferências sonoras no contexto. Os versos seguintes aos que faltam acima concluem o Padre Nosso, seguem com adaptação de oração de louvor a Maria e terminam com versos de agradecimentos a todo do grupo e aos responsáveis pela festa. Tanto as orações adaptadas à maneira dos responsos [Nota sobre responsos, citar MAndrade], quanto ao improviso final, demonstrando sua gratidão aos componentes do grupo revelam a cordialidade característica da cultura caipira.
[Selecionar ainda um trecho do “obrigado pela atenção” em que agradece a presença do tocador de parnanguame e outros.]
- Sons e versos cantados das Congadas
Congada Mogiana Brasileira de migrantes, relacionada a terno de congo de Minas de São Gonçalo de Sapucaí, MG
Ô Virge Maria – 1972 (f.002 l.A) [11:30-15:10] [cad_div-24]
Ô Virge Maria
Ô Virge Senhora
Visitai os anjo
No reino da glória
Visitai os anjo
No reino da glória
Nossa Senhora das Dores
rainha dos anjos
coroada de flores
rainha dos anjos
coroada de flores
Ô Virge Maria…
Ô Virge Maria…
Ô Virge Maria…
Ô Virge Maria
Tem a paz e tem a luz
O rosário de Maria
O mistério de Jesus
Virge Maria!
Ô Virge Maria…
ô Virge senhora
Nossa senhora das Dores
Rainha dos anjos
Coroada de flores
Rainha dos anjos
Coroada de flores
Ô Virge Maria…
———–
desde o tempo do cativeiro
laçado pelo pé
São Benedito foi cozinheiro
Eh São Benedito!
Uma das integrantes dá informações e diz ”Esta festa esteve boa, esteve de deixar saudade!”
Naquela época, estava iniciando minhas leituras de João Guimarães Rosa, onde encontrei um eco desta frase na Festa de Manuelzão [Desenvolver]
Deus vos salve casa santa– 1972 (f.002 l.A) [23:10-28:50] [cad_div-25]
Deus vos salve casa santa
onde Deus fez a morada
Deus vos salve a casa santa
onde Deus fez a morada
onde mora o calix bento e a hóstia consagrada
onde mora o calix bento e a hóstia consagrada
[Na fita, faço a descrição da dança em volta do Mastro. Manter, se char bom]
Ai Divino – 1972 (f.002 l.A) [30:20-34:00] [cad_div-26]
Ai Divino
Divino da Eucaristia
Ai Divino
Divino da Eucaristia
São Pedro será meu mestre
e o Divino será minha guia
São Pedro será meu mestre
e o Divino será minha guia
– Congo de São Gonçalo de Sapucaí, Minas Gerais – 1974 (f. 005, l. A) [até 6:23] [cad_div-27]
Ô sabiá
Ô sabiá
tu é mais feliz que eu
Ô sabiá
invejo o destino seu
Ô sabiá
porque canta triste assim
Ô sabiá
deixa a tristeza pra mim
Quando eu vejo um sabiá
numa gaiola cantando
eu começo a relembrar
o tempo que eu vivi amando
aquela ingrata Maria
que roubou minha alegria
eu também vivia cantando
pois isso era o que eu queria
Salve a rainha e o rei [cad_div-28]
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
O mistério de São Benedito
eu não deixo assim atoa
O mistério de São Benedito
eu não deixo assim atoa
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
Mas o meu coraçãozinho
Eu não entrego assim atoa
Mas o meu coraçãozinho
Eu não entrego assim atoa
– Congada de S. Benedito e N. Sra. do Rosário:
Nossa Senhora vem num barco – 1974 (f. 005, l. A) [6:23 – 9:02] [cad_div-29]
Nossa Senhora vem num barco
- José que tá remando
Nossa Senhora vem num barco
- José que tá remando
Levanta a bandeira de paz
- Benedito está mandando
Levanta a bandeira de paz
- Benedito está mandando
Ô linda baiana – 1974 (f. 005, l. A) [9:03 – 13:21] [cad_div-30]
– Ô linda baiana
– O que é meu bem Bis
– Como vai a nossa festa
– Ai vai indo muito bem
– Oi linda baiana, oi linda meu bem
– samba baiana, a saia dela é ouro em pó Bis
samba baiana
– Oi linda baiana
– O que é meu bem
– Como vai o nosso prefeito
– Ai vai indo muito bem
– Oi linda baiana
– O que é meu bem
– Como vai o nosso festeiro
– Ai vai indo muito bem
– Oi linda baiana, oi linda meu bem
– samba baiana, a saia dela é ouro em pó Bis
samba baiana
– Oi linda baiana
– O que é meu bem Bis
– Como vai as nossas crianças
– Ai vai indo muito bem Bis
– Oi linda baiana, oi linda meu bem
– samba baiana, a saia dela é ouro em pó Bis
samba baiana
Avistei a cidade do Rio – 1974 (f. 005, l. A) [13:50 – 15:36] [cad_div-31]
Avistei a cidade do Rio
Avistei a cidade do Rio
Saio da barca e entrei no navio
Avistei a cidade do Rio
Saio da barca e entrei no navio
Ai vem navio – 1974 (f. 005, l. A) [15:37 – 19:30] [cad_div-32]
Ai vem navio/ ele vem serenando
aqui noutra canoa/ eu estou remando
cortando água/ cortando água
Olha lá que ele vem/ ele vem serenando
cortando água/ cortando água
Olha lá que ele/ vem ele vem serenando
[Falta completar o resto da transcrição]
Ô Laura – 1974 (f. 005, l. A) [19:31 – [cad_div-33]
Ô Laura ô Laura ô Laura
Ô Laura ô Laura ô Laura
Ô Laura
Volte pra casa pro meu coração sossegar
Volte pra casa pro meu coração sossegar
[Falta completar o resto da transcrição]
Chorei chorei [cad_div-34]
[Falta inserir a transcrição]
Andorinha dourada [cad_div-35]
Andorinha dourada
andorinha dourada
Bate as asinha andorinha/ é de madrugada
bate as asinha andorinha/ é de madrugada
Viva meu S. Benedito [cad_div-36]
Viva meu S. Benedito
Viva nessa hora
Viva meu S. Benedito
Ele é o rei da glória
– Congada de Mestre Alcides (f.045 – l. A) [0:00-2:22] [cad_div-37]
Oi o meu coração tá doeno
Oi o meu coração tá doeno
tá doeno deixa doer Bis
tá doeno tá doeno
deixa doer
Tá doeno deixa doer Bis
tá doeno tá doeno
deixa doer
Oi o meu coração…
Meio dia tem moçambique – 1975 (f.045 – l. A) [2:22 -2:50] [cad_div-38]
Meio dia tem moçambique
duas horas tem cavaiada
cinco horas tem procissão
as seis vai ter missa cantada
Ó a poeira aí – 1975 (f.046 – l. A) [18:27 – 22:58] [cad_div-39]
Ó a poeira aí, morena
pisa devagar
Tem poeira aí, morena
pisa devagar
Que o meu sapato é branco
Morena
eu não quero escorregar
Nota: Esta canção tem um ritmo e melodia parecido com o do samba-lenço de Mauá;.há uma voz feminina parecida com a da Dona Chiquinha, da Vila das Palmeiras. No final, som de carro de boi
Agradecendo o almoço
[…]
To fazendo a despedida
com a dança do coração
quem tem lenço na campana?
quero ver agora na mão
A dança da despedida
é dança do coração
A dança da despedida
é dança do coração
Quem me ensinou a nadar – 1976 (f.045 – l. B) [6:15 – 8:35] [cad_div-40]
Quem me ensinou a nadar
foi os peixinho do mar Bis
foi foi foi foi marinheiro
foi os peixinho do mar Bis
Cai sereno cai devargazinho – 1976 (f.045 – l. B) [10:45 – 12:30] [cad_div-41]
Cai sereno cai devagarzinho
Cai sereno cai devagarzinho
Cai sereno pra molhar o meu caminho
Cai sereno pra molhar o meu caminho
– Congada de Biritiba Ussu
Glória a Deus que lhe ajude – 1976 (f.049 – l. A) [0:00- 3:57] [cad_div-42]
Glória a Deus que lhe ajude
o festeiro
Quando o galo canta – 1976 (f.049 – l. A) [15:29 – 18:41] [cad_div-43]
Quando o galo canta
é de madrugada
saia na janela
sai nossa congada
Nota: continua com o som dos tambores em evolução e emenda com outro som de tambores
Explicação de Seu Conrado sobre o moçambique – 1976 (f.049 – l. A) [13:00 – 14:20] [cad_div-44]
dança africana
– moçambique de??? – 1976 (f.049 – l. B) [15:32 – 17:18] [cad_div-45]
Piripiripiri
eu vi o canário cantá
ah eheheh ah
da licença pra nóis pelejá
– Marujada – Dico [Ver nome no cartaz] [cad_div-46]
Ê Virge Maria(f.099 – l.B) [11:16 –
Ê Virgee
Ê Virgee Maria
Rainha do Rosário
ela é a nossa guia
– 1978 (f.102 – l. A [0:00 – 6:00] [cad_div-47]
fim de canto de moçambique; o som de guizos emenda com o som da marujada
Abre a porta do céu
São Miguel
Venha arreceber
Traz a balança
E pesa essas alma
Quem for pecador
Vai aparecer
[13:00 –] [cad_div-48]
parte declamada –
segue outro ritmo
O rosário é meu [15:00 -][ cad_div-49]
O rosário é meu
o rosário é meu
foi pai de santo
quem me deu
Nota: som dos tambores por volta do 20:00 e continuando até [cad_div-50]
Rainha fulô
Rainha fulô
Rainha fulô
rainha de nosso Sinhô
Foliões do Divino cantam no Império do Divino– 1975 (f.045 – l. A) [26:50 – 28:40] [cad_div-51]
Que encontro tão bonito
nós tivemo nessa hora…….