TRECHO DA APRESENTAÇÃO
Marcos Ayala
Nosso envolvimento com a Barca de Mandacaru teve início em 2001. Algum tempo antes, coordenei a pesquisa Memória cultural de um bairro: a Torrelândia, antigo nome do bairro da Torre, em João Pessoa (PB), com a participação de alunos que atuavam comigo no Laboratório de Estudos da Oralidade (LEO), da Universidade Federal da Paraíba. Durante a realização deste trabalho, os pesquisadores conheceram Dona Adelita Luiza da Silva1, moradora com uma memória muito extensa e detalhada a respeito dos acontecimentos do bairro, tanto em termos de seu processo de urbanização, como das atividades culturais populares que ali aconteceram. Em 1999, esses pesquisadores, juntamente com Maria Ignez Novais Ayala, coordenadora do LEO e Diógenes André Vieira Maciel, projetaram, em um telão colocado no terreno do Clube Carnavalesco Bandeirantes da Torre, um vídeo com trechos do documentário Mário de Andrade e Os Primeiros Filmes Etnográficos.
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Os textos que ora apresentamos são, ao mesmo tempo, roteiros de aulas e resultado das discussões suscitadas tanto pelos professores, quanto por nossa atividade de acompanhamento dos ensaios e apresentações da Barca Santa Maria de Mandacaru.
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Assistimos, nos últimos anos, a um crescimento exponencial da intolerância e de reações agressivas a tudo que é diferente do padrão. Ao publicar este material em forma de livro, neste momento, esperamos contribuir um pouco para a redução da intolerância e a ampliação do respeito e, mais ainda, do incentivo à diversidade.
Acreditamos ser esta uma atitude extremamente necessária nesses tempos de trevas, que ainda estamos longe de deixar para trás, na lata de lixo da História.
Esperamos também que possamos, daqui por diante, todos juntos, embarcar na Nau Catarineta. Boa leitura!