Maria Ignez Novais Ayala
Versos de moçambique e de banda (f.001, l. A ) [0:01 a 3:53] [cad_div-01]
Aprendi com José Lopes de Campos, contramestre do Mestre Conrado do “Batalhão de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e São Benedito” que os versos cantados durante a dança se chamam ramos.
Como saber quais ramos foram trazidos pela tradição a que pertence cada mestre ou contramestre e que integram o texto mental que cada indivíduo traz em si? Um dos modos de observar foi o esforço para identificar quem, o que canta, quando canta e se há alguma coreografia relacionada com o canto e os gestos. Com o tempo, essas questões foram se delineando em anotações, registros da performance, conversas e entrevistas com participantes.
Os apontamentos de campo de 1972, transpostos da caderneta para o primeiro relato de pesquisa, já evidenciam, embrionariamente, o que iria se observar nos anos seguintes, a este respeito. Passemos aos repertórios selecionados:
A bandeira branca saiu na rua [cad_div-01]
A bandeira branca saiu na rua
A bandeira branca saiu na rua
A bandeira de Nossa Senhora
oi chama S. Benedito
pra tirá a bandeira fora
Eh São Benedito
Viva a Virgem Maria!
(Batalhão de Moçambique do Itapeti – mestre Benedito Valentim de Godoi Pinheiro, o Seu Dito Pinheiro)
Toque da Banda de Música (acompanhada de latidos de cachorro ao final)
- Outros ramos de Moçambique
1) Nóis vamo a precura – 1972 (f.001, l. A ) [5:07 – 7:25] [cad_div-02]
Nóis vamo a precura
Precurando inté achá
ai você baila você canta
que é pra nóis adorá
Eh S. Benedito!
Sarve a Virgem Maria!
Nossa Senhora do Rosário.
Ehhh…
Nota: Esta saudação é feita a cada mudança de “ramo”
2) Licença dono da festa – 1972 (f.001, l. A ) [7:35-8:15] [cad_div-03]
Licença dono da festa
prá chegá nossa bandeira
Eu peço a menor licença
pra ganhá a licença inteira
Eh estrela!
Eh a Virgem Maria!
Nossa Senhora do Rosário!
3) Divino Espírito Santo – 1972 (f.001, l. A ) [8:35-10:57] [cad_div-04]
Divino Espírito Santo
abre as asas pra voar
hoje chegou seu dia
que nóis vamo festejá
Eh sarve S. Benedito!
eh sarve a Virgem Maria!
4) Andorinha voou foi se embora – 1972 (f.001, l. A ) [11:00-12:07] [cad_div-05]
Andorinha voou foi se embora
passarinho santo de Nossa Senhora.
Eh S. Benedito!
Eh Nossa Senhora!
Oi estrela!
Eh a Virgem Maria!
Nossa Senhora do Rosário!
5) Andorinha voou foi em Belém – 1972 (f.001, l. A ) [12:08-14:12] [cad_div-06]
Andorinha voou foi em Belém
Nossa Senhora que mandou vê
Eh os anjooo
Sarve a Virge Maria
Nossa Senhora do Rosário!
Nota: até aqui, versos do Batalhão de Moçambique do Itapeti
6) Sarve sarve sarve o santo – 1972 (f.001, l. A ) [14:18-17:36] [cad_div-07]
(Batalhão Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, do Mestre Conrado)
Ô sarve sarve sarve o santo
sarve o divino Espírito Santo
Eh S. Benedito!
Eh Virgem Maria!
Eh ah eh S. Benedito!
Nota: Atenção aos sons (bumbo, parnanguame, guizos e bastões)
7) Eu subi co’a coroa – 1972 (f.001, l. A ) [17:50-19:00] [cad_div-08]
Eu subi lá no céu
no repique do sino
eu subi co’a coroa
eu desci co’o Divino
Ehh…
Nota: Este ramo aparece novamente diante
8) Oh divino pai oh divino mestre – 1972 (f.001, l. A ) [23:00-26:09] [cad_div-09]
Oh divino pai oh divino mestre
no nosso batismo o Divino aparece
Eeh São Benedito!
Eh Virge Maria!
Eh S. Benedito!
Ah eh!!!
9) Passarinho santo que Deus deixou – 1972 (f.001, l. A ) [26:10-28:10] [cad_div-10]
Passarinho santo que Deus deixou
ai o divino Espírito Santo
Ehhh…
10) São Benedito é o nosso santo padroeiro – 1972 (f.001, l. A ) [28:11-30:27] [cad_div-11]
O São Benedito
é o nosso santo padroeiro
É da religião católica
e do folcloro brasileiro
Ehh…
11) Oi Moçambique – 1972 (f.001, l. A ) [30:28-32:32] [cad_div-12]
Danço o moçambique
desde o tempo de criança
tenho fé em S. Benedito
tenho fé, tenho esperança
Ehh…
12) A riqueza nunca usa soberbia – 1972 (f.001, l. A ) [32:33-35:20] [cad_div-13]
A riqueza nunca usa soberbia
A riqueza vem do céu
Do rosário de Maria
ou
A riqueza já não usa soberbia
A riqueza vem do céu
Do rosário de Maria
Ehh…
- sobre promessa e carros de bois
No relato de pesquisa fiz anotações com base em conversa com uma devota que estava com sua bandeira; vejamos:
Sobre a Bandeira do Divino
Informante: Da Ana Ferreira de Toledo
A pessoa faz a promessa e sai [com a bandeira]. Saiu no ano passado pela primeira vez para pagar uma promessa: sua filha estava doente. A filha saiu a primeira vez e ela, a mãe, continua saindo. Segundo a informante a festa começou no dia 20 de abril. Segundo ela tem 12 carros de boi na Entrada dos Palmitos. Os carros saem da Praça das Bandeiras, mas este ano por estar em obras o local, a saída é no Tiro de Guerra. Os bois têm os chifres enfeitados com flores de papel crepom: vermelhas, rosas, azuis, amarelas. A canga também é enfeitada de flores. Crianças saem nos carros de bois enfeitados com cipreste e flores de papel crepom.
Entrada dos Palmitos:
Conforme Molina e Kato (1973),
O cortejo obedece a seguinte ordem:
Cavaleiros do Divino, Moçambique, congada, carros de bois, bandeiras e violeiros (como chamam os foliões), banda e povo.
Em minhas anotações de 1972, consta:
1º – Cavaleiros do Divino
2º – Carros de bois carregados de palmitos (palmeiras) e crianças. Os carros são enfeitados com arcos de cipreste e flores de papel. Bois: flores nos chifres e na cangalha.
3º – Moçambiqueiros. Dois batalhões: Batalhão N. S. do Rosário e São Benedito (Mestre Conrado Alves de Souza) e Batalhão do Itapeti (Mestre Benedito Valentim Pinheiro).
4º – Bandeiras do Divino
Embora não tenha anotado, estava presente a congada de Mestre Domingos Ricardo, a banda de música, seguida pelo povo em geral.
Reproduzo um trecho da conversa com Dona Ana Ferreira de Toledo:
− Quantos carros de boi tem? – 1972 (f.001 l.B) [01:20 – 02:33] [cad_div-14]
- sons de instrumentos e guizos de moçambique [19:00 – 19:47] [cad_div-15]
- novos ramos:
1) Nossa bandeira é com fita azul – 1972 (f.001 l.B) [22:00-23:50] [cad_div-16]
Nossa bandeira é com fita azul
De Nossa Senhora de Tambaú
Nossa bandeira é de fita azul
Nossa Senhora de Tambaú
Ehh…
2) Ai moçambique – 1972 (f.001 l.B) [23:50-27:00] [cad_div-17]
Ai moçambique
foi dois anjo que inventou
dança preto dança branco
dança Deus nosso senhor
3) Eu subi lá no céu – 1972 (f.001 l.B) [27:00- 28:06] [cad_div-18]
Eu subi lá no céu
No repique do sino
Eu subi co’a coroa
Desci co’ o Divino
4) Cuitelinho verde – 1972 (f.001 l.B) [35:00-35:36] [cad_div-19]
Nota: Versos ditos pelo contramestre Zé Lopes em conversa, onde manifesto minha ignorância total: não entendo o que ele fala nem o que é cuitelinho (=beija-flor)
5) O sór nascê – 1974 (f. 007 – l. A) [a partir de 29:15] [cad_div-20]
O sór nascê eu vi nascê
pula castigo que eu quero vê
6) Ô vamos passar brilhante [cad_div-21]
Ô vamos passar brilhante
nós vamos passar brilhante meus irmão
Nota: brilhante é o nome atribuído aos bastões. Há nos versos que ganham uma coreografia própria: os dançadores dançam sobre os “brilhantes” enfileirados no chão sem tocar neles. Neste caso chamam-se “castigos”, como cantado acima e os mestres ficavam furiosos quando os dançadores embriagados, ao pularem os bastões, espalhavam tudo…
7) Estrelinha que vem – 1974 (f. 007 – l. B) [0:19 -040] [cad_div-22]
Estrelinha que vem
Estrelinha que vai
Com São Benedito
Nós vamos em paz
Nota: Muitas vezes este ramo é cantado antes de intervalos para descanso, de conclusão de apresentações durante a festa.
8) Ô Mariaa – 1974 (f. 007 – l. A) [30:25- 31:05 ] fragmento [cad_div-23]
Em nome do pai e do filho
Ô Mariaa
E do Espírito Santo Amém
Ô Mariaa
O pai nosso que estais no céu
Ô Mariaa
Santificado seja o vosso nome
Ô Mariaa
Venha nós o vosso reino
Ô Mariaa
Seja feita a vossa vontade
Ô Mariaa
Assim na terra como no céu
Ô Mariaa
O pão nosso de cada dia
Ô Mariaa
nos dai hoje e perdoai
Ô Mariaa
nossas dívidas de todo […]
Nota: Há outro registro, Ô Mariaa – 1977 (F.099 – l. A) [8:00 – 12:14], em que se gravou toda a reza cantada, mas a qualidade do registro foi prejudicada por interferências sonoras no contexto. Os versos seguintes aos que faltam acima concluem o Padre Nosso, adaptado em louvor a Maria e terminam com versos de agradecimentos a todo do grupo e aos responsáveis pela festa. Tanto as orações adaptadas à maneira dos responsos , quanto ao improviso final, demonstrando sua gratidão aos componentes do grupo revelam a cordialidade característica da cultura caipira.
[Selecionar ainda um trecho do “obrigado pela atenção” em que agradece a presença do tocador de parnanguame e outros.]
- Sons e versos cantados das Congadas
Congada Mogiana Brasileira de migrantes, relacionada a Terno de Congo de Minas de São Gonçalo de Sapucaí, MG
Ô Virgem Maria – 1972 (f.002 l.A) [11:30-15:10] [cad_div-24]
Ô Virgem Maria
Ô Virgem Senhora
Visitai os anjos
No reino da glória
Visitai os anjos
No reino da glória
Nossa Senhora das Dores
Rainha dos anjos
Coroada de flores
Rainha dos anjos
Coroada de flores
Ô Virgem Maria…
Ô Virgem Maria…
Ô Virgem Maria…
Ô Virgem Maria
Tem a graça e tem a luz
O rosário de Maria
O mistério de Jesus
Virgem Maria!
Ô Virgem Maria…
Ô Virgem Senhora
Nossa Senhora das Dores
Rainha dos anjos
Coroada de flores
Rainha dos anjos
Coroada de flores
Ô Virgem Maria…
Dançava os preto velho
desde o tempo do cativeiro
laçado pelo pé
São Benedito foi cozinheiro
Eh São Benedito!
Uma das integrantes dá informações e diz ”Esta festa esteve boa, esteve de deixar saudade!”
Nota: Naquela época, estava iniciando minhas leituras de João Guimarães Rosa, onde encontrei um eco desta frase na Festa de Manuelzão.
Deus vos salve casa santa– 1972 (f.002 l.A) [23:10-28:50] [cad_div-25]
Deus vos salve casa santa
onde Deus fez a morada
Deus vos salve a casa santa
onde Deus fez a morada
onde mora o calix bento
e a hóstia consagrada
onde mora o calix bento
e a hóstia consagrada
Nota: enquanto gravava, fiz algumas observações sobre a dança em volta do Mastro.
Ai Divino – 1972 (f.002 l.A) [30:20-34:00] [cad_div-26]
Ai Divino
Divino da Eucaristia
Ai Divino
Divino da Eucaristia
São Pedro será meu mestre
e o Divino será minha guia
São Pedro será meu mestre
e o Divino será minha guia
– Congo de São Gonçalo de Sapucaí, Minas Gerais – 1974 (f. 005, l. A) [até 6:23] [cad_div-27]
Ô sabiá
Ô sabiá
tu é mais feliz que eu
Ô sabiá
invejo o destino seu
Ô sabiá
porque canta triste assim
Ô sabiá
deixa a tristeza pra mim
Quando eu vejo um sabiá
numa gaiola cantando
eu começo a relembrar
o tempo que eu vivi amando
aquela ingrata Maria
que roubou minha alegria
eu também vivia cantando
pois isso era o que eu queria
Salve a rainha e o rei [cad_div-28]
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
O mistério de São Benedito
eu não deixo assim à toa
O mistério de São Benedito
eu não deixo assim à toa
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
Salve a rainha e o rei
Porque o rei tem coroa
Mas o meu coraçãozinho
Eu não entrego assim à toa
Mas o meu coraçãozinho
Eu não entrego assim à toa
– Congada de S. Benedito e Divino, de Mestre Domingos Ricardo:
Nossa Senhora vem num barco – 1974 (f. 005, l. A) [6:23 – 9:02] [cad_div-29]
Nossa Senhora vem num barco
São José que tá remando
Nossa Senhora vem num barco
São José que tá remando
Levanta a bandeira de paz
São Benedito está mandando
Levanta a bandeira de paz
São Benedito está mandando
Ô linda baiana – 1974 (f. 005, l. A) [9:03 – 13:21] [cad_div-30]
− Ô linda baiana
− O que é meu bem Bis
− Como vai a nossa festa
− Ai vai indo muito bem
− Oi linda baiana, oi linda meu bem
− Samba baiana, a saia dela é ouro em pó Bis
Samba baiana
− Oi linda baiana
– O que é meu bem
− Como vai o nosso prefeito
− Ai vai indo muito bem
− Oi linda baiana
− O que é meu bem
− Como vai o nosso festeiro
− Ai vai indo muito bem
− Oi linda baiana, oi linda meu bem
− Samba baiana, a saia dela é ouro em pó Bis
− Samba baiana
− Oi linda baiana
− O que é meu bem Bis
− Como vai as nossas crianças
− Ai vai indo muito bem Bis
− Oi linda baiana, oi linda meu bem
− Samba baiana, a saia dela é ouro em pó Bis
Samba baiana
Avistei a cidade do Rio – 1974 (f. 005, l. A) [13:50 – 15:36] [cad_div-31]
Avistei a cidade do Rio
Avistei a cidade do Rio
Saio da barca e entrei no navio
Avistei a cidade do Rio
Saio da barca e entrei no navio
Ai vem navio – 1974 (f. 005, l. A) [15:37 – 19:30] [cad_div-32]
Ai vem navio/ ele vem serenando
aqui noutra canoa/ eu estou remando
cortando água/ cortando água
Olha lá que ele vem/ ele vem serenando
cortando água/ cortando água
Olha lá que ele vem/ ele vem serenando
Nota: Esta é apenas a parte inicial da transcrição deste poema narrativo cantado.
Ô Laura – 1974 (f. 005, l. A) [19:31 – [cad_div-33]
Há muito tempo
que eu não vejo a minha Laura
meu Deus do céu
ela veio me avisar
cuidado com essa mulher
que ela vai lhe abandonar
daqui há pouco eu não posso acreditar
Ô Laura!
Ô Laura ô Laura ô Laura
Ô Laura ô Laura ô Laura
Ô Laura
Volte pra casa pro meu coração sossegar
Volte pra casa pro meu coração sossegar
Nota: Transcrição apenas o início.
Chorei chorei [cad_div-34]
Chorei chorei
Mais do que eu Bis
Mais ninguém chorou
Nossa Senhora do Rosário
São Benedito Bis
É meu protetor
Andorinha dourada [cad_div-35]
Andorinha dourada / andorinha dourada
Andorinha dourada / andorinha dourada
Bate as asinha andorinha/ é de madrugada
Bate as asinha andorinha/ é de madrugada
Viva meu S. Benedito [cad_div-36]
Viva meu S. Benedito
Viva nessa hora
Viva meu S. Benedito
Ele é o rei da glória
− Congada N. S. do Rosário e São Benedito, de Mestre Alcides Pereira de Castro
Oi o meu coração tá doeno – 1975 (f.045 – l. A) [0:00-2:22] [cad_div-37]
Oi o meu coração tá doeno
Tá doeno deixa doer
Oi o meu coração tá doeno
Tá doeno deixa doer
Tá doeno deixa doer Bis
tá doeno tá doeno
deixa doer
Oi o meu coração…
Meio dia tem moçambique – 1975 (f.045 – l. A) [2:22 -2:50] [cad_div-38]
Meio dia tem moçambique
duas horas tem cavaiada
cinco horas tem procissão
as seis vai ter missa cantada
Ó a poeira aí – 1975 (f.046 – l. A) [18:27 – 22:58] [cad_div-39]
Ó a poeira aí, morena
pisa devagar
Tem poeira aí, morena
pisa devagar
Que o meu sapato é branco
eu não quero escorregar
Nota: Esta canção tem um ritmo e melodia parecidos com o do samba-lenço de Mauá; há uma voz feminina parecida com a da Dona Chiquinha, da Vila das Palmeiras. No final, som de carro de boi.
Agradecendo o almoço
[…]
To fazendo a despedida
com a dança do coração
quem tem lenço na campana (?)
quero ver agora na mão
A dança da despedida
é dança do coração
A dança da despedida
é dança do coração
Quem me ensinou a nadar – 1976 (f.045 – l. B) [6:15 – 8:35] [cad_div-40]
Quem me ensinou a nadar
ora foi os peixinho do mar Bis
foi foi foi foi marinheiro
foi os peixinho do mar Bis
Cai sereno cai devagarzinho – 1976 (f.045 – l. B) [10:45 – 12:30] [cad_div-41]
Cai sereno cai devagarzinho
Cai sereno cai devagarzinho
Cai sereno pra molhar o meu caminho
Cai sereno pra molhar o meu caminho
− Moçambique São Benedito, de Biritiba Ussu – Mestre Joaquim Firmino Fernandes
Glória a Deus que lhe ajude – 1976 (f.049 – l. A) [0:00- 3:57] [cad_div-42]
Glória a Deus que lhe ajude
o festeiro
Quando o galo canta – 1976 (f.049 – l. A) [15:29 – 18:41] [cad_div-43]
Quando o galo canta
é de madrugada
saia na janela
sai nossa congada
Nota: continua com o som dos tambores em evolução e emenda com outro som de tambores.
Explicação de Seu Conrado sobre o moçambique – 1976 (f.049 – l. A) [13:00 – 14:20] [cad_div-44]
dança africana
− Moçambique de Crianças, bairro de Paraitinguinha, Salesópolis, de Mestre Tarcísio Olympio – 1976 (f.049 – l. B) [15:32 – 17:18] [cad_div-45]
Piripiripiri
eu vi o canário cantá
ah eheheh ah
da licença pra nóis pelejá
– Congada Nossa Senhora do Rosário, dos Mestres Dico, José Isidoro e Nego, de Brás Cubas [cad_div-46]
Ô Virge Maria (f.099 – l.B) [11:16 –
Ô Virgee Maria
Rainha do Rosário
ela é a nossa guia
– 1978 (f.102 – l. A [0:00 – 6:00] [cad_div-47]
fim de canto de moçambique; o som de guizos emenda com o som da marujada
Abre a porta do céu
São Miguel
Venha arreceber
Traz a balança
E pesa essas alma
Quem for pecador
Vai aparecer
[13:00 –] [cad_div-48] parte declamada – segue outro ritmo
O rosário é meu [15:00 -][ cad_div-49]
O rosário é meu
O rosário é meu
Foi pai de santo
Quem me deu
Nota: som dos tambores por volta do 20:00 e continuando até Rainha fulô
Rainha fulô [cad_div-50]
Rainha fulô
Rainha fulô
Rainha fulô
Rainha fulô
Salve rainha de nosso Sinhô
- Foliões do Divino
Foliões do Divino cantam no Império do Divino – 1975 (f.045 – l. A) [26:50 – 28:40] [cad_div-51]
Que encontro tão bonito
nós tivemo nessa hora…
O grupo conhecido como foliões do Divino tinha à frente o Mestre João Manoel do Nascimento, acompanhado por Ulisses de Souza Moraes, ambos tocando violas, João Cardoso de Lima e Salvador Cardoso do Nascimento, que tocavam caixa e pandeiro. Moravam em Biritiba Ussú, mas ficavam em Mogi das Cruzes, durante a festa.
Estão presentes em toda a novena que antecede o domingo de Pentecostes, em várias ocasiões, cantando em louvor ao Divino, homenageando festeiros nas casas e nas ruas por onde passam: a cada noite visitam ex-festeiros e festeiros do ano, saindo de uma casa, indo a outra, acompanhados de devotos, muitos carregando suas bandeiras em cumprimento a promessas, terminando com a chegada ao Império do Divino. O Império é preparado com antecedência, com ornamentação que dá destaque à imagem do Divino. Local em que as pessoas se dirigem para rezar diante da imagem, onde são guardadas as bandeiras dos devotos que saem em procissão, durante a madrugada, conhecida como alvorada, e ponto de chegada da Entrada dos Palmitos. A Entrada dos Palmitos ocorre na manhã dos sábado, penúltimo dia da festa. É um grande cortejo festivo que atravessa a cidade com cavaleiros, charretes, carros de bois, carregando crianças, palmeiras e bambus. Os festeiros andam a pé, junto a devotos com suas bandeiras, banda de música, grupos de moçambique, congadas e o povo em geral. Selecionei alguns trechos cantados pelos foliões do Divino, pois o som das vozes e instrumentos de corda e percussão atravessava ruas da cidade todas as noites do período de festas e eram marcantes, compondo, a seu modo, a polifonia da festa. O modo de cantar dos foliões era singular.
Dentre os versos cantados, transponho uma sequência fornecida por eles a Alfredo Molina e Alice Kato, publicada em A Festa do Divino em Mogi das Cruzes (1973, p, 14 -15):
Divino Espírito Santo
Espírito verdadeiro
Abençoe os seus devotos
E também os nobres festeiros.
Divino Espírito Santo,
Espírito de alegria,
Abençoe os seus festeiros
Com toda a sua família.
Meu Divino veio voando
Está cansado de voar;
Meu Divino veio do céu
Para seu dia festejar.
Divino Espírito Santo,
É nosso pai de verdade;
Ajudai a nossa vida
E para toda a eternidade.
Na chegada ao Império
Fazemos nossa oração
Ali está o Espírito Santo
O nosso pai da salvação.
Os foliões cantam no Império do Divino – 1975 (f.045 – l. A) [26:50 – 28:40] e
1977 (f.098 – l. A) [3:00 em diante]
Que encontro tão bonito
nós tivemo nessa hora…